A erncarnação do Leviatã

Este estudo constata que na estrutura da Igreja Adventista do 7º Dia não aconteceu a encarnação do Evangelho, mas a encarnação do Leviatã, a forma monstruosa do poder político. Organizou-se como um Estado moderno, o que a Igreja não é.

22/11/2012

5. EXAME DO PROCESSO E DO COMPORTAMENTO ADMINISTRATIVOS


J. J. Rousseau

Comprovado que a função administrativa na IASD tem as características de uma burocracia moderna, já podemos abordar a relação entre burocracia e representação política, agora tendo como foco o processo e o comportamento administrativos. E, assim, fica completa nossa análise da forma de governo da IASD, revelando que se trata de uma burocracia representativa.

Se a burocracia é a face oculta do leviatã adventista, o sistema representativo é a face que ele mostra à todos, se vangloriando de dar oportunidade para que “todos” os membros participem, através de seus representantes, na escolha dos “dirigentes”.

Qual é a relação entre essas duas faces do monstro?

PRELIMINARES

Antes, porém, é preciso definir o que se entende por “representação política”, “processo administrativo” e “comportamento administrativo”, pois constituem agora os conceitos fundamentais.

Uma das questões mais interessantes e decisivas na organização moderna —especialmente do Estado— é o da representação política. Esta é possível só quando se atribui a soberania ao povo, nação ou grupo político. A intervenção popular ou dos componentes do grupo político no exercício do poder articula-se mediante a representação.

Como é impossível a participação direta de todos os componentes individuais na gestão dos negócios dos Estados e das grandes corporações, surge a necessidade de estabelecer procedimentos representativos que permitam a intervenção no poder da maioria à qual se atribui a soberania. Nesse sentido, a representação política cumpre o seu papel através destes dois conceitos fundamentais: por um lado, significa a possibilidade de atender a vontade da maioria; por outro lado, constitui o meio de legitimar a autoridade. E aqui encontramos a discrepância fundamental do sistema representativo com a natureza da Igreja: nesta, não se trata da soberania da maioria, mas da soberania de Deus; não se trata da autoridade legítima do ser humano, mas do consentimento à soberania de Deus. Segundo o Novo Testamento, Jesus Cristo é o soberano da Igreja, seu único Senhor. Isto significa que a Igreja não é senhora de si mesma, que ela não tem soberania que possa transferir a representantes.

O processo administrativo consiste no exercício do poder governamental não diferenciado (não faz distinção, como acontece na IASD, entre poder executivo, poder legislativo e poder judiciário). Ou seja, é o poder que, ao mesmo tempo, elabora normas administrativas, as aplica a casos particulares e ordena ou proíbe atos determinados, entre outros. Esta concentração total dos atributos do poder em mãos de um só indivíduo ou de um grupo de indivíduos —o soberano— é uma característica do poder absoluto.

A expressão “comportamento administrativo” refere-se ao comportamento humano restrito ao âmbito de uma organização, especialmente ao comportamento que implica a adoção de decisões e o exercício de uma influência calculada sobre terceiros.

ORIGENS E CONCEITOS DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

O leitor ingênuo do Manual da IASD pode ter a impressão que a forma representativa de governo eclesiástico tem sua origem na Bíblia, ou se fundamenta num modelo divino, porque a faz derivar de uma versão teísta da organização. Já vimos que essa versão é artificial. Uma abordagem científica da questão não pode incorrer em ingenuidades desse tipo, ou voltar-se para o campo subjetivo e basear-se em aspectos emotivos incorretos, como concordar com o sistema simplesmente porque é o da "minha Igreja".

O sistema representativo —assim como o sistema burocrático— tem origem neste mundo, no movimento dos povos. Tanto é assim, que sua origem e seu desenvolvimento podem ser situados com precisão na História. (Sobre as origens e o desenvolvimento da forma representativa de governo ver F. P. G. Guizot, Histoire des Origines du Gouvernement Représentatif en Europe, Paris, 1861; Henry Jones Ford, Representative Government, Nova York, 1924; e H. J. Laski et alii, The Development of the Representative System in Our Times, Lausane, 1928).

Não cabe aqui repetir a história e o desenvolvimento da forma representativa de governo. Contudo, é útil para nossa análise lembrar alguns aspectos nesse sentido. A ideia de representação política tem o seu ponto de partida no Direito privado, e supõe o seguinte vínculo entre duas pessoas: as ações do “representante” são imputadas como próprias do “representado”. No vínculo representativo, o representado é substituído pelo representante, mediante a transferência da imputação.

O campo político conheceu diferentes tipos de representação. Na antiga Roma imperial, a Lex Regia fazia do Imperador um representante do povo romano. Este conferia àquele seu poder e seu império. Na Idade Média encontram-se diversos exemplos de representação política, entre os quais se destacam as assembleias medievais. Nestas, os representantes populares detêm apenas a representação da cidade, vila ou condado que os indicou. As Cortes, o Parlamento e os Estados Gerais, na Espanha, Inglaterra e França medievais, são representativos de diversos segmentos do reino. A representação era outorgada de maneira diversa, segundo o caso. Podia ser por indicação do rei, hereditária ou eletiva.

Contudo, em nenhum desses lugares e momentos, desenvolveu-se uma teoria e uma doutrina da representação política. Isto acontece só no século XVIII, na época da Revolução Francesa. O mandato representativo tem sua origem na doutrina francesa. Os primeiros conceitos dogmáticos dessa doutrina são expostos por Emmanuel-Joseph Sieyés (1748-1836) em seus trabalhos. Em seus conceitos revolucionários, supõe que se representa o povo como um todo, e que os representantes devem ser eleitos mediante o sufrágio.

Não se pode deixar de mencionar a Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), cujos conceitos e teorias políticas inspiraram a Revolução Francesa e as revoluções na América espanhola. Especialmente em seu Do Contrato Social, Rousseau defende a ideia de que os representantes políticos representam a vontade geral.

A ideia clássica de representação política teve sua origem em 1789, nos Estados Gerais da França. O mandato representativo é concebido como sendo o vínculo estabelecido entre a totalidade dos representantes, porque eles representam a soberania do povo em seu conjunto. É fácil perceber que a democracia está implicada neste conceito.

No século XIX, a ideia clássica de representação política sofreu algumas alterações ao ser vinculada com os segmentos da sociedade. No sistema de partidos políticos —que defendem os interesses das classes sociais— surgem pessoas que entendem representação como um método para designar os integrantes dos organismo do governo. Tais integrantes recebem seus poderes da Constituição e não dos eleitores. Os sistemas corporativos e institucionais estabelecem o vínculo representativo entre as instituições e os representantes, isto é, há representação das instituições e não da vontade geral. Estes conceitos favorecem mais a burocracia que a democracia, e são os adotados pela IASD. A Comissão Executiva, por exemplo, é formada por titulares dos departamentos e das instituições, que representam as atividades regulares da IASD. A representação das igrejas locais é mínima, geralmente por um, dois ou mais representantes, que são substituídos anualmente, enquanto os outros permanecem durante todo o período administrativo.

Este breve resumo é suficiente para mostrar que a forma representativa de governo da IASD é uma cópia da representação política, que teve sua origem no mundo civil e nele se desenvolveu e se universalizou. A representação política também é um fato universal no governo eclesiástico. Em maior ou menor grau, é usada em conjunto com as formas mais tradicionais de governo eclesiástico — monárquica, episcopal, presbiteriana sinodal e congregacional.

A VERSÃO TEÍSTA DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

Em sua versão teísta da organização, Ellen G. White fornece as diretrizes e os fundamentos para a representação política na IASD. As mais importantes foram transcritas no Manual da IASD para fundamentar certos procedimentos administrativos. Segue um resumo de tais diretrizes e fundamentos. A ordem na qual são apresentadas é a que eu considero a mais adequada.

As principais diretrizes se fundamentam em três ideias:


1) Jesus Cristo habita em seu povo, por meio do Espírito Santo (Testimonies for the Church, vol. 5, pág. 107; Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 15-19 e 25).

2) Deus está dirigindo um povo, não uns poucos indivíduos dispersos, aqui e ali, um dos quais crê uma coisa, outro outra” (Testimonies for de Church, vol. 1, pág. 207).

3) Deus fala através de seu povo (Atos dos Apóstolos, págs. 163-164).


Dessas ideias, Ellen G. White deduz três diretrizes fundamentais:


a) A maioria da igreja é um poder que deve reger seus membros individuais.” (Testimonies for de Church, vol. 5, pág. 107). O raciocínio implicado nesta diretriz é o seguinte: se Deus habita em seu povo, o dirige e fala por ele, a Igreja deve ser governada tendo como base a vontade manifestada pela maioria de seus membros. Segundo o Manual da IASD (pág. 45) a autoridade da Igreja repousa em seus membros. Essa diretriz não é encontrada na Bíblia. É, isto sim, um princípio das democracias modernas que atribuem a soberania ao povo ou grupo.

b) Cada membro da Igreja tem participação na escolha dos “oficiais” mediante o sistema representativo (Testemunhos Seletos, vol. 3, págs. 240 e 241). Em todos os níveis de administração da IASD, as eleições das autoridades eclesiásticas e de seus funcionários subalternos são sempre realizadas pela forma indireta. A Assembleia de representantes indica a Comissão de Nomeações. Esta, por sua vez, indica os ocupantes dos cargos, cuja aprovação ou não depende da Assembleia. Na realidade, é só nas comunidades locais que Assembleia é constituída, em teoria, pela totalidade dos membros. Os membros “leigos” ou “laicos” participam da Assembleia da Associação mediante representantes escolhidos pelas comunidades locais. Nos outros níveis de administração —União, Divisão e Associação Geral— os representantes são, em sua maioria, autoridades e funcionários.

c) O consenso da maioria dos membros da Igreja, devidamente convocados através do sistema representativo, dever ser considerado como “a voz de Deus”, isto é, como a máxima autoridade. Esta diretriz é expressada de diversas maneiras por Ellen G. White. Um exemplo é este: “O mais alto poder abaixo do Céu, concedeu o Senhor a Sua Igreja. É a voz de Deus em Seu povo reunido na qualidade de uma Igreja, que deve ser respeitada” (Testemunhos seletos, vol. 1, pág. 395). Mas, ela atribui esse poder exclusivamente à Associação Geral, porque é o organismo que representa toda a IASD. Esta diretriz não encontra paralelo na Bíblia. Porém, condiz com o slogan repetido frequentemente nas democracias modernas: “A voz do povo é a voz de Deus”. O que realmente acontece é que a “voz do povo” se transforma na Associação Geral em a voz das autoridades eclesiásticas e de seus funcionários subalternos, pois são estes os que compõem a Assembleia e a Comissão Executiva desse nível de administração.


Esta versão teísta contém ideias fundamentais da doutrina francesa sobre representação política. O mais provável é que os pioneiros adventistas não as tenham recebido diretamente das fontes francesas, e sim dos princípios republicanos dos EUA. No período de formação das primeiras colonias nos EUA, os puritanos, também conhecidos como “pais peregrinos”, defendiam os princípios da doutrina francesa. Sabemos que essa doutrina foi fundamental na constituição do sistema representativo norte-americano.

O sistema representativo funciona na IASD entre os períodos administrativos, quando há eleição das autoridades e funcionários. Na comunidade local e na Associação, elas acontecem de acordo com o conceito de representação popular. Nos outros níveis de administração, a eleição é feita conforme o conceito de representação corporativa. Durante os períodos administrativos, o processo administrativo se realiza dentro do sistema burocrático como acontece no Estado e nas grandes corporações.
A burocracia foi adotada na IASD como solução para os novos problemas administrativos decorrentes do crescimento constante do número de membros, de sua expansão no mundo e da necessidade de elaborar e manter em dias seus estatutos e normas administrativas. As exigências legais obrigaram à organização adventista a contratar juristas com formação universitária. A presença obrigatória e a participação constante desses juristas contribuiu para a introdução da burocracia na estrutura da IASD. 


Nos dias de hoje, os juristas e os administradores exercem muito mais influência do que os teólogos nas questões técnicas de administração eclesiástica.

Neste ponto, passamos a analisar como a burocracia entra em concorrência com o sistema representativo, e como tende a corroê-lo e desagregá-lo dentro da estrutura da IASD.

O confronto entre burocracia e representação política revela que são incompatíveis em certos aspectos fundamentais. A burocracia limita e até impede que se concretizem conceitos básicos da representação política.
De acordo com o sistema representativo, a organização adventista está constituída por uma hierarquia de assembleias e comissões executivas apoiadas numa base: as igrejas locais. Teoricamente, é nessas congregações onde se encontra a origem de todas as delegações e mandatos. Na prática, a pressão da base atinge apenas a Associação. Os outros níveis de administração têm uma completa independência das igrejas locais.

A burocratização não alterou a estrutura original da IASD, mas modificou profundamente o processo e o comportamento administrativos. No Manual da IASD há expressões que são condizentes com o sistema representativo, favorável a uma sociedade igualitária. Afirma que todos os participantes da IASD são “um em Cristo” (Gál. 3:28), e que “jamais deve existir entre os seguidores de Cristo qualquer preferência de casta, nacionalidade, raça ou cor” (pág. 24). E reconhece a “igualdade de ordenação de todo o ministério” (pág. 45).

Porém, a burocracia requer uma sociedade de classes. Por isso, os adventistas do sétimo dia estão divididos em quatro classes: 1) autoridades eclesiásticas — chamadas “administradores”, 2) funcionários subalternos — chamados “departamentais”, 3) pastores e 4) leigos.

De acordo com diretriz original, o sistema representativo da IASD é contrário às formas monocráticas de autoridade. Ellen G. White a expressa assim: “Deus não estabeleceu entre os Adventistas do Sétimo Dia, nenhuma autoridade suprema para dirigir toda a corporação, ou qualquer seção da obra. Ele não estipulou que a responsabilidade da direção recaísse sobre uns poucos homens. As responsabilidades são divididas entre grande número de homens competentes” (Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 240). Este grande grupo é formado pela hierarquia de assembleias e comissões executivas de todos os níveis de administração.

Porém, a tendência monocrática da burocracia debilita a autoridade desses organismos corporativos e fortalece o poder das autoridades eclesiásticas, principalmente o poder dos presidentes, levando a uma quebra do princípio de igualdade de todo o ministério. Além de presidirem os organismos corporativos, os presidentes possuem um poder de iniciativa que não é dado aos demais pastores. Certos aspectos de sua função lhes confere uma autoridade crescente sobre seus pares. Geralmente, eles tiram o máximo proveito da posição hierárquica e do poder burocrático de que dispõem. E, assim, se estabelece a cadeia típica de dominação da burocracia: o “senhor” de um nível de administração é dominado pelo “senhor” do nível imediatamente superior.

CONTRADIÇÕES ENTRE BUROCRACIA E REPRESENTAÇÃO

O confronto entre burocracia e representação revela que são incompatíveis em certos aspectos fundamentais, nos quais uma limita e até anula a outra. A forma atual de governo da IASD consiste numa sobreposição dos esquemas apresentados no quadro seguinte. Basta uma olhada rápida no quadro para que as contradições entre esses dois métodos de administração se tornem evidentes.

REPRESENTAÇÃO
BUROCRACIA
Igreja: igualdade de estado de todos os participantesIgreja: administradores e não administradores
Capta a vontade da maioriaCapta a vontade dos administradores
Sistema de mediação: governo eclesiástico apresentado por todosSistema de mediação: governo eclesiástico de acordo dom a vontade dos administradores
Organiza a vontade geral em ações que representam o interesse coletivoOrganiza a vontade dos administradores para manipular os
não-administradores
Sociedade igualitáriaSociedade de classes
Apelo básico: expressão livre da vontade de todosApelo básico: igualdade de direitos e oportunidades

Seguem alguns exemplos concretos sobre o processo e o comportamento administrativos, característicos da burocracia.
Na Assembleia da Associação, é o presidente da União quem preside a Comissão de Nomeações, encarregada de indicar as autoridades eclesiásticas (presidente, secretário e ecônomo) e seus funcionários subalternos (departamentais), enquanto o secretário e o ecônomo da União presidem outras comissões. Cada uma dessas autoridades submete à votação na Assembleia as decisões de suas respectivas comissões. Deste modo, exercem sua influência na etapa mais significativa do processo decisório da Associação.

O presidente da Associação é nomeado em primeiro lugar, e será sempre um pastor que conte com o apoio do presidente da União. Imediatamente este submete a indicação à votação da Assembleia, e convida o presidente recém-eleito da Associação para participar da Comissão de Nomeações. A partir desse momento, todas as demais nomeações serão influenciadas também pelo novo presidente da Associação.

No período entre as assembleias, o processo decisório funciona geralmente do seguinte modo: antes de cada reunião da Comissão Executiva, as autoridades eclesiásticas preparam a agenda. Esta “pré-mesa”, como é chamada, permite às autoridades eclesiásticas selecionar os itens que serão apresentados à Comissão Executiva, estudá-los previamente e pensar em soluções. Na maioria dos casos, os membros da Comissão Executiva não têm outra alternativa senão pedir informações adicionais e aprovar as propostas feitas pelas autoridades eclesiásticas. Como a Comissão Executiva está composta —pelo menos no Brasil— principalmente por funcionários subalternos, estes se sentem na obrigação de apoiarem a vontade das autoridades eclesiásticas.

Nos EUA, a Comissão Executiva da Associação está composta, em sua maioria, por representantes das igrejas locais. Os funcionários têm, geralmente, um ou mais representantes. Ou seja, prevalece o conceito de representação das bases. No Brasil, como em quase toda a América Latina, esse organismo está formado, em sua maioria, por funcionários. As igrejas locais são representadas por um ou dois membros leigos, geralmente escolhidos pelas autoridades eclesiásticas. Portanto, prevalece o conceito de representação corporativa (de atividades e instituições).

CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO E DO
COMPORTAMENTO ADMINISTRATIVOS

1) Predomina a vontade das autoridades eclesiásticas (administradores). Quem observa a prática, percebe que as autoridades eclesiásticas costumam dar ordens a seus funcionários subalternos, e estes às igrejas locais, sobre o que, como, quando e quanto devem fazer.
Porque existe essa hegemonia da vontade das autoridades eclesiásticas?
A explicação do ponto de vista da representação política é dada por J.-J. Rousseau em seu livro Do Contrato Social. Ele distingue “três vontades essencialmente diversas” na pessoa do magistrado (para aplicá-las à estrutura da IASD basta substituir “magistrado” por “autoridade eclesiástica”). Elas são: a) a vontade própria do magistrado, que busca seu próprio proveito particular; b) a vontade comum dos magistrados, também chamada vontade de corpo, que opera unicamente em benefício do governo; e c) a vontade geral do povo, ou vontade soberana, que deve ser a única regra para as outras vontades.

Rousseau entende que a vontade soberana (a do povo) é a mais fraca. Depois segue a vontade do corpo. Sendo a mais forte a vontade particular. Por isso cada magistrado é primeiramente ele próprio, depois magistrado e, por último, cidadão ou membro do povo. E disto conclui que tal gradação opõe-se inteiramente à exigida pela ordem social do povo. Esta crítica à realidade imediata, leva em conta os impulsos egoístas da personalidade humana, os interesses particulares e corporativos que, em nome da “ordem natural”, investem contra a vontade coletiva e usurpam a soberania da sociedade. (Rousseau, Coleção Os Pensadores, 1978, pág. 80).

Da polarização entre os interesses particulares e os gerais, nenhuma sociedade ou organização está livre. Portanto, não é de se estranhar que na IASD prevaleçam a vontade própria e a vontade do corpo das autoridades eclesiásticas sobre a vontade geral.

A explicação do ponto de vista da burocracia é dada por Maurício Tragtenberg (Burocracia e Ideologia, Ed. Ática, 1980, págs. 186 a 219), quando afirma que a burocracia surgiu na sociedade humanística liberal como mediação entre os interesses particulares e os gerais. Porém, com o passar do tempo, e devido a certas circunstâncias, a burocracia dedicou-se a exercer um poder político de dominação. Defendendo seus interesses pessoais e os dos proprietários, os altos funcionários usurparam o poder da maioria e impuseram seus interesses. Por isso, a oferta de igualdade de direitos e oportunidades para todos, feita pela burocracia, é um idealismo utópico. No campo político, a burocracia separa a tomada de decisões da vontade dos governados da mesma forma como o capitalismo separa o capitalista e os administradores dos meios de produção. Daí que quem executa as ordens não tem o direito de saber porque o faz, nem se quer ou não executá-las; apenas é obrigado a cumpri-las.

Para Max Weber, a burocracia é propícia à hegemonia dos altos funcionários (no nosso caso, das autoridades eclesiásticas). E isto se deve ao exercício do poder, por esses funcionários, na estrutura burocrática. Parafraseando a definição clássica de Max Weber, podemos definir o poder que as autoridades eclesiásticas exercem em todos os níveis de administração da IASD, do seguinte modo: “é a possibilidade de que uma autoridade eclesiástica, ou um grupo de autoridades eclesiásticas, realize sua vontade própria numa ação comunitária da Igreja, até mesmo contra a resistência de outros que participam da ação”.

2) Alienação e isolamento. Segundo Rousseau, a representação política é um poder intermediário introduzido entre a autoridade soberana (o povo) e o governo. A representação política exime os cidadãos de participar diretamente no serviço público, e eles se dedicam a seus interesses pessoais. Ou seja, a representação política favorece a frouxidão e o amor à comodidade, pois implica uma troca, por parte dos cidadãos, de sua participação direta e pessoal nos serviço público por dinheiro. Passemos a palavra a Rousseau:

Desde que o serviço público deixa de constituir a atividade principal dos cidadãos e eles preferem servir com sua bolsa a servir com sua pessoa, o Estado já se encontra próximo da ruína. Se lhes for preciso combater, pagarão tropas e ficarão em casa. À força de preguiça e de dinheiro, terão, por fim, soldados para escravizar a pátria e representantes para vendê-la.” (Rousseau, Coleção Os Pensadores, pág. 106)

Rousseau assinala o efeito mais significativo da troca dos serviços pessoais por dinheiro no sistema representativo: escravidão. O dinheiro dado pelos cidadãos financia a dominação dos governantes e representantes. Suas expressões são: “Daí ouro, e logo tereis ferros. A palavra finança é uma palavra de escravos...”.

A escravidão acontece porque a vontade não pode ser delegada. Se os cidadãos se recusam a exercer a vontade soberana mediante a participação direta no serviço público, e nomeiam representantes, prevalecerá a vontade dos representantes e não a dos representados. E os cidadãos ficarão sob o jugo de seus representantes.

Na burocracia, segundo Max Weber (pág. 238 e seguintes), o fator econômico-financeiro é um fator de poder. Ele assinala como um dos pressupostos e causas da burocracia o desenvolvimento de uma economia monetária. Esta fornece os recursos para manter funcionando a máquina burocrática — como os salários e demais benefícios das autoridades e de seus funcionários subalternos. A dominação na qual está calçada a burocracia não seria possível sem que ela se aproprie dos meios de produção, de uma boa fatia dos recursos financeiros. (Ver Maurício Tragtenberg, Burocracia e Ideologia, capítulo V.)

A burocracia adventista domina os membros da Igreja e os aliena do serviço cristão dessas duas maneiras, a saber, fazendo-os nomear representantes e apropriando-se dos dízimos e de uma boa fatia das ofertas e donativos. Podemos parafrasear os dizeres de Rousseau, transcritos anteriormente, para descrever a condição dos membros da IASD: “Desde que o serviço cristão deixa de constituir a atividade principal dos membros da Igreja e eles preferem servir com seu dinheiro a servir com sua pessoa, a Igreja já se encontra próxima da ruína. Se lhes for preciso anunciar o Evangelho, pagarão missionários e ficarão cuidando de seu próprios negócios; se necessário ir ao conselho da Igreja, nomearão representantes e ficarão em casa (vendo televisão?). À força de isolar-se, terão representantes para dominá-los na Igreja”.

Mas é preciso ver também o outro lado da moeda: quando o sistema constitui representantes e se apropria de uma boa fatia dos recursos financeiros, parece demais aos membros que a IASD ainda peça o serviço cristão pessoal e direto. É assim que a organização adventista aliena e isola os membros da Igreja.

E de fato, já foi constatado que aproximadamente 10% dos membros da IASD participam do serviço cristão, apesar dos esforços constantes por parte da organização para elaborar planos que os incentivem a participar. No livro Serviço Cristão há vigorosos apelos de Ellen G. White para que os membros da IASD vençam o isolamento e se dediquem ao serviço cristão. O terceiro capítulo desse livro tem uma certa sintonia com os motivos da alienação mencionados por Rousseau.

Uma das causas da alienação é a seguinte: Quando se elegem presidentes, secretários, tesoureiros e departamentais e o tamanho da administração é excessivo, é muito difícil ter uma estratégia comunitária a longo prazo, porque o sistema se politiza por dentro, ou seja, os eleitos o fazem funcionar para atender a seus interesses y para manter a sua posição.

O processo e o comportamento administrativos dos adventistas gera alienação e isolamento em dois sentidos: dos membros com relação à estrutura de administração e desta com relação aos membros. Vejamos os aspectos mais significativos.

3) Hierarquia. Como acontece em qualquer outra burocracia moderna, a IASD distribui a autoridade de forma hierárquica, com postos e níveis superiores e inferiores, nos quais a subordinação obedece ao grau de autoridade da escala hierárquica, baseada em áreas fixas de jurisdição.
Os adventistas levaram às últimas consequências a administração como trabalho exclusivo. As autoridades eclesiásticas dedicam a maior parte do tempo à administração técnica. Elas não têm, como acontece em outras denominações cristãs, suas respectivas igrejas locais para desempenhar ofícios pastorais. Suas atividades administrativas formam um universo separado das igrejas locais e da obra evangélica. 

E isto se deve ao fato de que as igreja locais formam o nível inferior da organização e são áreas de jurisdição dos pastores. Ou seja, existe uma separação entre função administrativa e função evangélica. As autoridades eclesiásticas não participam diretamente da função evangélica e os pastores não participam diretamente da função administrativa (só quando são nomeados para ocupar cargos administrativos).

4) Escritórios e centralização. O centro de atividade das autoridades eclesiásticas e de seus funcionários subalternos são sempre os escritórios. Estes, como assinala Max Weber, são uma característica da burocracia moderna. No caso da IASD, os escritórios não servem só para ser o centro da atividade administrativa, guardar os arquivos de documentos e expedientes e segregar a atividade administrativa como algo distinto da vida privada dos funcionários, também servem para separar os administradores dos não-administradores. Os escritórios, como sinônimo de conhecimento técnico especializado em administração, são o lugar separado, isolado desde o qual as autoridades eclesiásticas e seus funcionários subalternos defendem sua posição privilegiada. Por esse motivo, os prédios dos organismos administrativos são exclusivamente escritórios, e estão separados de igrejas, instituições e tudo o mais.

5) Segredo. O segredo é uma das características mais notáveis do poder, e que as autoridades eclesiásticas o levaram às últimas consequências no processo e no comportamento administrativos da IASD. As sessões pertinentes ao processo decisório são sempre sessões secretas. A maioria das decisões tomadas nessas sessões são conhecidas só pelas autoridades eclesiásticas, e, às vezes, pelos seus funcionários subalternos, permanecendo arquivadas em segredo. Não é costume dos organismos administrativos apresentarem relatórios financeiros periódicos para todos os participantes. Esses relatórios são fornecidos só para os níveis superiores de administração, ou durante a Assembleia, quando são apresentados em forma técnica e com poucos detalhes. Só as autoridades eclesiásticas tem acesso ao Livro de Praxes, que fica guardado a sete chaves para que os “obreiros” não conheçam seus direitos e estes possam ser manipulados. A imensa maioria dos membros das igrejas locais não sabe o que acontece nos níveis de administração da IASD.

Para Max Weber (págs. 269 e 272), o segredo é um meio de poder nas burocracias. Ele explica como o segredo é usado nesse sentido:

Toda administração burocrática busca aumentar a superioridade dos que são profissionalmente informados, mantendo secretos seu conhecimento e intenções. A administração burocrática tende sempre a ser uma administração de ‘sessões secretas’: na medida em que pode, oculta seus conhecimento e ação da crítica.”

Isolamento e segredo são, no parecer das autoridades eclesiásticas, os elementos fundamentais da boa administração. Na realidade, são parte de um processo e de um comportamento administrativos politicamente convenientes ao exercício do poder, e que tornam “jesuítica” (secreta) a administração adventista. Esta defende sua sobrevivência pelo sigilo administrativo, pelo ocultamento das decisões. E, assim, aprofunda seu modo de ser alienado e alienante.

6) Despotismo administrativo. Este é o aspecto do qual mais reclamam os obreiros, principalmente. E assim é porque as autoridades eclesiásticas da IASD tem como base o velho princípio da “autoridade indiscutível”, isto é, não se podem questionar suas determinações, sua vontade. A autoridade indiscutível dos presidentes, dos chefes, dos que mandam preocupam muitos adventistas, e provoca tensões entre pastores e leigos, entre igrejas locais e Associação, entre instituições e entre níveis de administração.

O despotismo administrativo faz com que a administração se torne mais autoritária do que comunitária, mais centralizada do que compartilhada. O poder despótico é justificado pela necessidade de se manter a unidade da IASD. Mas —esta é minha opinião— o despotismo administrativo pode produzir um efeito contrário e transformar-se no principal perigo para a unidade. A História está cheia de exemplos de reações contra o poder despótico dos administradores.

7) Despolitização. Uma das características dos adventistas do sétimo dia, principalmente dos não-administradores, é sua aversão pelo político, que geralmente consideram algo mau em si, um campo em que os cristãos não devem entrar. Muitos confundem política com politicagem. Oficialmente, a IASD se mantém afastada do político tanto quanto possível. Não tem nenhuma contribuição positiva que oriente a ação política e social. Não existe a compreensão de que a Igreja é uma instituição pública, e que sua vida pública está inserida no político. Aqui uso “político” ou “política” tanto no sentido mais amplo, referindo-se à vida total dos povos como entidade coletivas, quanto no sentido mais restrito, relacionado com o poder. Não uso esses termos no sentido ainda mais restrito de “luta partidária”.

Tampouco existe a compreensão de que a IASD é um grupo político — entre outros, tem uma forma de governo, uma estrutura de administração com base territorial, períodos administrativos definidos e realiza eleições. Mais surpreendente ainda é o fato de que a maioria dos membros leigos não sabe precisar qual é a forma de governo da IASD nem descrever sua estrutura.
Quatro são as causas da despolitização dos adventistas:

a) Os administradores são os únicos politizados e eles excluem os demais participantes do processo administrativo pelo comportamento que está sendo analisado. E assim, deixam o caminho livre para manipularem, com considerável autonomia, o corpo de crentes.

b) A mensagem adventista tem certas características que contribuem para a despolitização: promove engajamentos só do tipo individual e só destaca aspectos individuais da fé. As virtudes cristãs são apresentadas de forma abstrata — nunca se diz o que elas significam aqui e agora. (Um estudo nesse sentido encontra-se em Edegard Silva Pereira, “Persuasão numa Revista Religiosa”, in Simpósio, ASTE, Dezembro de 1982, págs. 116 a 133). O cunho apocalíptico da mensagem enfatiza que o mundo é mau, está ficando cada vez pior e em breve será destruído por Deus. Remete os fiéis a um “mundo do outro mundo” que não se sabe como é nem onde está. Os adventistas encontram-se numa situação contraditória: têm de viver neste mundo, mas sua fé os aliena da realidade. Não é de se estranhar que muitos se sintam perdidos e encontrem “segurança” no isolamento, em guetos formados, geralmente, em torno de instituições educacionais adventistas

c) A teologia adventista é uma teologia clássica, tradicional, marcada pelo idealismo e pela incapacidade de perceber os dados positivos dos fatos e situações sociais. Não consegue tratar dos problemas políticos a não ser sob a forma de questões vinculadas com a ética. Mas, a perspectiva ética, por causa de sua natureza abstrata, conduz necessariamente a reflexão teológica ao moralismo. Ou seja, faz a teologia deformar-se num idealismo ético.

d) O principal meio de socialização dos membros, a Escola Sabatina, está dentro da linha traçada pelos itens anteriores. O estudo da Bíblia é orientado para que os participantes tenham uma compreensão do que significa existir como indivíduo religioso, muitas vezes de uma comunidade cristã provinciana, empenhada em travar sua guerra dogmática particular. O que se busca é manipular, condicionar, adestrar os indivíduos para que consintam com a forma de governo eclesiástico e sejam obedientes. Mas, esse condicionamento não só aliena o indivíduo, também empobrece sua vida e impede que ele seja uma pessoa completa.

8) Propaganda ufanista e triunfalista. Um bom exemplo desse tipo de propaganda dirigido ao meio interno é o artigo de Walter R. Beach “Perigos e Correntes Contrárias à Organização” (in Revista Adventista, Julho de 1979, págs. 38 a 40). Vejamos dois trechos:


O governo da Igreja Adventista do Sétimo Dia foi moldado segundo o padrão apostólico. [!] A autoridade final na igreja pertence aos membros. [!] A responsabilidade executiva ou administrativa é delegada a grupos representativos e a oficiais. Através da voz dos membros e da imposição de mãos pelo ministério ordenado, uma forma representativa de governo eclesiástico une os crentes em igrejas, Associações, Missões, Uniões em um corpo comum, a Associação Geral, que atualmente opera através de 12 Divisões mundiais (incluindo a China e a Rússia).”

Sob a influência do Espírito de Profecia [entenda-se Ellen G. White] e em harmonia com o padrão da primitiva Igreja apostólica [!], nossos pioneiros escolheram uma liderança coletiva [!] para a organização da Igreja em vez de um sistema unitário com o poder e autoridade centralizados em uma pessoa.”

Por tudo o que foi visto até aqui neste estudo, sabemos que algumas frases desses trechos (as que eu coloquei, no final, um sinal de exclamação entre parênteses) não são verdadeiras. A atual forma de governo da IASD não tem nada a ver com o padrão apostólico nem com o padrão da Igreja primitiva; a autoridade final não pertence aos membros, e sim às autoridades eclesiásticas; sofreu tantas mutações, que está longe de ser a forma escolhida pelos pioneiros. Verdadeira é a afirmação de que o cimento da IASD é sua máquina de governo, centralizada na Associação Geral, detentora do poder soberano.

Seria impossível para Walter R. Beach provar que o Novo Testamento fala que a autoridade final pertence aos membros, que defende o sistema representativo, Associação, União, Divisão e Conferência Geral... Nesse artigo, Walter R. Beach age como propagandista. E o propagandista não precisa falar a linguagem das Escrituras, basta fazer de conta que fala de acordo com elas. Tampouco precisa provar nada. A propaganda requer que apenas se afirme categoricamente aquilo que se defende.
Segundo J. A. C. Brown, em seu livro Técnicas de Persuasão (Rio de Janeiro, Zahar, 1976) a propaganda funciona assim:


O mecanismo fundamental empregado por todas as formas de propaganda, como vimos, é a sugestão, que pode ser definida como a tentativa de induzir em outros a aceitação de uma crença específica sem dar razões por si mesmas evidentes ou lógicas para essa aceitação, quer elas existam ou não.” (Pág. 26.)

O propagandista raramente discute, mas faz afirmações ousadas em favor de suas teses. Já vimos ser a essência da propaganda a apresentação somente de um lado da questão, a limitação propositada do raciocínio e indagação livres.” (Pág. 29.)

As publicações e as falas dirigidas ao meio interno só se referem ao que engrandece a IASD. Mostram apenas a face limpa da organização. A outra face suja fica escondida. A Bíblia não faz essa desfiguração da realidade quando se refere a Israel ou a Igreja primitiva. A propaganda ufanista e triunfalista torna a IASD uma comunidade arrogante e presunçosa: pensa que é dona da verdade, afirma ser a única Igreja verdadeira, a que tem a melhor organização...

A burocracia representativa da IASD age de maneira antitécnica, porque, de um lado, pretende responder aos propósitos cristãos da Igreja convidando a todos seus membros a participarem; do outro lado, pelo processo e o comportamento administrativos que adotou, os aliena e isola.

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA BUROCRACIA

Para Max Weber (págs. 249 a 251), a superioridade da organização burocrática sobre qualquer outra forma de organização é puramente técnica. Ele assinala as seguintes vantagens técnicas da burocracia:


Precisão, velocidade, clareza, conhecimento dos arquivos, continuidade, discrição, unidade, subordinação rigorosa, redução do atrito e dos custos de material e pessoal — são levados ao ponto ótimo na administração rigorosamente burocrática, especialmente em sua forma monocrática.”

E indica as causas dessas vantagens técnicas: 1) o princípio monocrático que elimina o atrito, a demora e os compromissos entre interesses e opiniões em conflito próprios dos órgãos colegiados; 2) o princípio de especialização das funções administrativas permite aos funcionários ter um treinamento especializado e aprender cada vez mais; e 3) a racionalização expressa mediante “regras calculáveis” permite a “calculabilidade” dos resultados. 

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